Gems x ChatGPT: o que muda para quem já usa IA no trabalho?
Em julho de 2025, o Google lançou os “Gems”, uma funcionalidade que amplia a proposta do Google Gemini, transformando o uso de IA dentro do ecossistema Google Workspace. Para quem já utiliza o ChatGPT com GPTs personalizados, uma dúvida surge naturalmente:
O que há de novo nisso? São ferramentas concorrentes ou complementares? E como saber qual usar?
Neste artigo, compartilho uma reflexão construída a partir da prática, da escuta curiosa e do desejo de compreender o que realmente faz sentido no uso da IA. A intenção não é prescrever uma escolha, mas mostrar que, quando conhecemos os fundamentos da IA — como propõe o framework IA4P —, conseguimos fazer escolhas mais conscientes, autônomas e alinhadas às nossas necessidades reais.
O que são os Gems do Google Gemini?
Gems são assistentes personalizados criados dentro do Google Gemini. Funcionam como variações do chatbot principal, com comportamentos e estilos ajustáveis, e estão sendo integrados diretamente aos aplicativos do Google Workspace: Docs, Gmail, Drive, Planilhas e Apresentações. É como ter um copiloto de IA que entende seu fluxo e contexto, sempre ao alcance de um clique.
Agora que você já conhece o conceito por trás dos Gems, talvez esteja se perguntando...
Como os Gems se comparam com os GPTs personalizados do ChatGPT?
Gems e GPTs personalizados têm muito em comum — mas também entregam experiências diferentes. A tabela abaixo ajuda a visualizar melhor:
Essa comparação mostra como cada solução responde a diferentes fluxos, contextos e graus de controle. Gems e GPTs não são excludentes — e sim, expressões distintas de uma mesma inteligência.
Além disso, é interessante observar como os modelos da OpenAI também se adaptaram ao ecossistema corporativo da Microsoft por meio do Copilot, integrando-se de forma robusta aos apps do M365. Essa presença reforça que tanto Google quanto Microsoft estão investindo em experiências de IA conectadas ao trabalho real — cada um com suas estratégias e possibilidades.
A tabela oferece um panorama direto, mas há nuances técnicas que também ajudam a decidir qual solução adotar — especialmente para quem já utiliza IA com mais frequência.
Pontos técnicos e estratégicos que fazem a diferença
Alguns aspectos técnicos podem influenciar diretamente sua decisão de uso:
🔢 Capacidade de contexto: Gems suportam (nesta data) até 15.000 tokens, o que permite lidar com documentos e prompts mais extensos. Já os GPTs (via ChatGPT) operam com um limite médio (nesta data) de 4.096 tokens.
🔄 Atualização em tempo real: Gems acessam o conteúdo do Google Drive sem necessidade de uploads. Já os GPTs exigem reenvio de arquivos (input) ou uso de integrações externas.
🧩 Conexão com APIs: GPTs podem se integrar a serviços externos via API, tornando-se mais versáteis para automações. Gems, por enquanto, não contam com esse recurso.
🔐 Compartilhamento: Gems são privados e restritos à conta Google. GPTs podem ser privados e compartilhados por link ou publicados na GPT Store.
⚠️ Exposição de instruções: Alguns estudos mostram que GPTs públicos podem vazar instruções internas com facilidade. Gems, por serem restritos, tendem a ter menor risco — mas todo uso de IA exige cuidado.
Esses detalhes mostram que, mais do que escolher uma “melhor ferramenta”, o essencial é entender o que cada uma oferece — e como isso se encaixa no seu contexto de trabalho.
Mas afinal, se você já usa IA no seu dia a dia, o que de fato muda ao migrar (ou combinar) essas ferramentas?
O que muda na prática para quem já usa IA?
Se você já usa o ChatGPT usando engenharia de prompt, definição de objetivos, seleção de modelo, projeto, assistente (GPT) ou uso de memória contextual, a experiência com os Gems não será um mistério. A lógica é a mesma — o que muda é o ecossistema e o grau de integração com ferramentas conhecidas.
Boas práticas para quem cria assistentes personalizados:
Use instruções mais robustas, com reforço do comportamento esperado em diferentes contextos.
Teste como um invasor faria, para ver se o assistente “entrega” o que não deveria.
Mantenha-se atualizado, pois as mudanças são constantes.
Respondendo perguntas que (talvez) você também tenha
🔹 Gems são melhores que os GPTs? Não necessariamente. Eles atendem a propósitos diferentes. Gems são práticos no dia a dia de quem já vive dentro do Google Workspace. GPTs são mais flexíveis e expansivos.
🔹 Meus dados estão seguros? Sim, desde que utilizados com responsabilidade. Ambos oferecem camadas de segurança, mas é importante entender como o dado circula — e ajustar permissões, instruções e acessos.
🔹 Preciso escolher um só? Não. Inclusive, combinar ferramentas pode ser o caminho ideal. Cada uma pode ser ativada conforme o momento, a equipe ou o objetivo.
Por isso, mais do que uma decisão sobre ferramenta, o que realmente importa é o olhar com o qual nos aproximamos da IA. É aqui que o framework IA4P se torna uma bússola valiosa.
NotebookLM e Projetos: espaços organizados para IA com contexto
Tanto o Google quanto a OpenAI oferecem ferramentas que permitem organizar a IA em torno de um tema ou conjunto de documentos — e isso vai além dos Gems e GPTs personalizados. São os casos do NotebookLM (Google) e dos Projetos no ChatGPT (OpenAI).
Essas ferramentas funcionam como "ambientes de pesquisa" com IA, e possuem algumas semelhanças importantes:
Permitem subir ou vincular arquivos;
Centralizam perguntas e respostas com base no material enviado;
Oferecem continuidade e histórico no processo de exploração.
NotebookLM é ideal para leitura crítica e curadoria de conteúdos, especialmente PDFs, textos longos e materiais de estudo. Já os Projetos do ChatGPT permitem personalização com prompts, memória e até GPTs customizados. Ambos não leem vídeos diretamente, mas funcionam bem com transcrições.
Vale lembrar: enquanto os Gems estão dentro do Gemini, o NotebookLM é uma ferramenta separada, voltada à organização do conhecimento. Já os Projetos são nativos do ChatGPT.
IA4P como bússola para escolhas conscientes
Fundamentos e princípios não saem de moda — eles se adaptam às novas camadas de complexidade.
O framework IA4P nos ajuda a navegar nesse cenário com mais clareza e direção:
• Fundamentos da IA: o que é, como funciona, de onde vem o modelo, como ele responde, aprende e alucina.
• Engenharia de Prompt: como orientar o comportamento da IA e fazer perguntas para obter respostas eficazes.
• Ética e Legislação: decisões responsáveis, conscientes e seguras - a partir do princípio de zelar pela sua reputação.
• Potencialidade das Soluções IA: colocar a IA para resolver desafios reais, compreendendo suas entregas e sua constante evolução.
Com esse olhar, somos capazes de integrar IA aos nossos fluxos com autonomia, responsabilidade e propósito.
Para concluir…
Este artigo não pretende ditar regras. Ele nasce do desejo de explorar, comparar, entender. Se você chegou até aqui, talvez a sua pergunta também seja: “E se eu puder ir além?”
Curiosa.Mente. Porque é assim que a aprendizagem mais potente começa.
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